Compreendendo o Câncer de Mama: Uma Abordagem Abrangente sobre a Saúde Mamária

O que é o Câncer de Mama?

Definição e Tipos

Definição: O câncer de mama é uma neoplasia maligna que se origina nas células mamárias. É o resultado de mutações no DNA das células, que começam a se dividir e crescer de maneira descontrolada, formando um tumor. Se não tratado, este tumor pode invadir tecidos adjacentes e se espalhar para outras partes do corpo através do sistema linfático ou da corrente sanguínea.

Tipos de Câncer de Mama:

 

  1. Câncer de Mama Ductal In Situ (CDIS):

    • Definição: É o estágio mais precoce do câncer de mama e é considerado não invasivo. Isso significa que as células cancerosas estão confinadas aos ductos mamários e não invadiram tecidos adjacentes.

  2. Câncer de Mama Invasivo Ductal (CDI):

    • Definição: É o tipo mais comum de câncer de mama. Começa nos ductos mamários, mas invade o tecido mamário circundante. Pode se espalhar para outras partes do corpo através da corrente sanguínea e do sistema linfático.

  3. Câncer de Mama Invasivo Lobular (CLI):

    • Definição: Origina-se nas glândulas produtoras de leite, chamadas lobos. Assim como o CID, pode se espalhar para outras partes do corpo.

  4. Câncer de Mama Inflamatório:

    • Definição: É raro e é chamado assim porque o seio geralmente fica vermelho e inchado, parecendo inflamado.

  5. Câncer de Mama Triplo-Negativo:

    • Definição: Este tipo de câncer de mama não tem receptores de estrogênio, progesterona e não produz excesso de HER2. É mais comum em mulheres mais jovens e em mulheres afro-descendentes.

  6. Câncer de Mama HER2-positivo:

    • Definição: Este câncer tem um excesso da proteína HER2. Tende a crescer e se espalhar mais rapidamente do que outros cânceres de mama.

  7. Câncer de Mama Luminal A:

    • Definição: Este subtipo é positivo para receptores de estrogênio (RE) e/ou progesterona (RP), tem baixos níveis da proteína HER2 e baixos níveis de proteínas associadas à proliferação celular. É o subtipo mais comum e tende a ter um prognóstico melhor do que os outros subtipos.

  8. Câncer de Mama Luminal B:

    • Definição: Este subtipo também é positivo para RE e/ou RP, mas ao contrário do Luminal A, tem altos níveis da proteína HER2 ou altos níveis de proteínas associadas à proliferação celular. Tende a crescer um pouco mais rápido do que o Luminal A e pode ser mais difícil de tratar.

       

Estatísticas Globais e Nacionais

O câncer de mama é uma das formas mais comuns de câncer em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde destaca que entre 30-50% de todos os casos de câncer são preveníveis, e a prevenção oferece a estratégia mais custo-efetiva para o controle do câncer a longo prazo. A OMS trabalha com os Estados Membros para fortalecer políticas nacionais e programas para aumentar a conscientização e reduzir a exposição a fatores de risco de câncer, e garantir que as pessoas sejam fornecidas com as informações e suporte que precisam para adotar estilos de vida saudáveis.

 

No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), houve Estimativa de novos casos de 73.610 (2022 – INCA) e um número de mortes 18.361, sendo 220 homens e 18.139 mulheres (2021 – Atlas de Mortalidade por Câncer – SIM).

Causas e Fatores de Risco

Genética e Histórico Familiar

A genética desempenha um papel significativo no desenvolvimento do câncer de mama. Certas mutações genéticas, como aquelas nos genes BRCA1 e BRCA2, aumentam significativamente o risco de uma pessoa desenvolver câncer de mama ao longo de sua vida. Essas mutações podem ser herdadas de um dos pais e estão associadas a um risco aumentado de outros tipos de câncer, como o câncer de ovário. Testes genéticos estão disponíveis para identificar mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 e podem ser considerados em pessoas com um forte histórico familiar de câncer.

Um histórico familiar de câncer de mama, especialmente em parentes de primeiro grau (mãe, irmã, filha), pode indicar um risco aumentado de desenvolver a doença. Isso pode estar relacionado a mutações genéticas herdadas, mas também pode ser devido a fatores ambientais ou de estilo de vida compartilhados entre os membros da família. O risco é ainda maior se o parente foi diagnosticado antes dos 50 anos ou se mais de um parente de primeiro grau foi afetado.

Estilo de Vida e Outros Fatores de Risco

O estilo de vida de uma pessoa pode influenciar significativamente o risco de desenvolver câncer de mama. Alguns dos fatores de estilo de vida que têm sido associados ao câncer de mama incluem:

  • Dieta e Nutrição: Uma dieta pobre, particularmente uma que é rica em gorduras saturadas e pobre em frutas e vegetais, pode aumentar o risco de desenvolver câncer de mama.

  • Atividade Física: A inatividade física está associada a um risco aumentado. A prática regular de exercícios físicos é vista como uma estratégia de redução de risco.

  • Álcool: O consumo de álcool está claramente ligado a um risco aumentado de câncer de mama.

  • Peso Corporal: A obesidade, especialmente após a menopausa, é conhecida por aumentar o risco de câncer de mama.

 

  • Idade: O risco de câncer de mama aumenta com a idade.

  • Histórico Reprodutivo: Mulheres que tiveram seu primeiro filho após os 30 anos, ou que nunca tiveram filhos, têm um risco aumentado.

  • Terapia de Reposição Hormonal (TRH): O uso de TRH após a menopausa tem sido associado a um risco elevado.

  • Exposição à Radiação: A exposição à radiação, especialmente em uma idade jovem, pode aumentar o risco de câncer de mama.

Sintomas e Diagnóstico

Reconhecendo os Primeiros Sinais

O reconhecimento precoce dos sinais do câncer de mama é crucial para um diagnóstico e tratamento oportunos. Os primeiros sinais podem variar de uma pessoa para outra, mas aqui estão alguns dos sintomas mais comuns que podem indicar a presença de câncer de mama:

  • Nódulo na Mama: Um nódulo ou espessamento na mama que se sente diferente da área circundante.

  • Alterações no Tamanho ou Forma da Mama: Qualquer mudança no tamanho ou forma da mama.

  • Alterações na Pele: Vermelhidão, casca de laranja ou outras alterações na pele da mama.

  • Inversão do Mamilo: Um mamilo que de repente se torna invertido ou retrai para dentro.

  • Secreção do Mamilo: Qualquer tipo de secreção, especialmente se for sanguinolenta.

  • Dor: Dor na mama ou na axila que não está relacionada ao ciclo menstrual.

  • Alterações na Pele ao Redor do Mamilo: Descamação, vermelhidão ou espessamento da pele.

É fundamental notar que muitas destas alterações também podem ser causadas por condições benignas (não cancerosas) ou por outros problemas de saúde. No entanto, se você notar qualquer um desses sinais ou outros que são incomuns para você, é essencial procurar aconselhamento médico imediatamente para uma avaliação mais aprofundada.

Métodos de Diagnóstico

O diagnóstico do câncer de mama envolve uma série de exames e procedimentos que ajudam os médicos a identificar e entender melhor a condição. Aqui estão alguns dos métodos de diagnóstico mais comumente utilizados:

  1. Exame Clínico da Mama:

    • Um profissional de saúde examina visual e manualmente as mamas e os linfonodos adjacentes.

    • Uso: Pode detectar anormalidades e ser um passo inicial antes de métodos de diagnóstico mais detalhados.

  2. Mamografia:

    • Um exame de imagem que utiliza raios-X para visualizar o tecido mamário.

    • Uso: É comumente usado em programas de rastreamento e para investigar anormalidades palpáveis ou visíveis na mama.

  3. Ultrassonografia Mamária:

    • Usa ondas sonoras para criar imagens do interior da mama.

    • Uso: Pode ser usado para avaliar nódulos mamários e determinar se são sólidos ou cheios de líquido (cistos).

  4. Ressonância Magnética (RM) da Mama:

    • Utiliza campos magnéticos para criar imagens detalhadas do tecido mamário.

    • Uso: Frequentemente usada para avaliar a extensão do câncer em pacientes já diagnosticados.

  5. Biópsia Mamária:

    • Envolve a remoção de células ou tecidos da mama para exame ao microscópio.

    • Uso: Confirmar o diagnóstico de câncer e determinar o tipo e grau do tumor.

Outros Exames Importantes

  • Testes Genéticos:

Testes que procuram mutações genéticas que aumentam o risco de câncer de mama.

Uso: Pode ser recomendado para indivíduos com um forte histórico familiar de câncer de mama ou outras evidências de risco genético.

  • Testes de Receptores Hormonais e HER2:

Testes que analisam o tumor para determinar se ele é sensível a hormônios ou tem excesso de HER2.

Uso: Ajuda a guiar as opções de tratamento ao identificar quais terapias podem ser mais eficazes.

  • Estadiamento com Cintilografia Óssea:

A cintilografia óssea utiliza material radioativo para examinar os ossos e identificar áreas de crescimento ósseo acelerado ou anormal. É frequentemente usada para verificar se o câncer de mama se espalhou para os ossos.

Uso: Recomendado para pacientes com câncer de mama em estágios mais avançados ou quando há sintomas que sugerem metástase óssea.

  • Tomografias (CT – Tomografia Computadorizada):

A tomografia computadorizada utiliza raios-X para criar imagens detalhadas do interior do corpo. Pode mostrar se o câncer se espalhou para órgãos ou linfonodos.

Uso: Pode ser recomendada para determinar a extensão do câncer ou para planejar a radioterapia.

  • PET-SCAN (Tomografia por Emissão de Pósitrons):

O PET-SCAN é um exame de imagem que ajuda a mostrar como seus tecidos e órgãos estão funcionando. Uma pequena quantidade de material radioativo é usada para ajudar a visualizar áreas de atividade anormal.

 

Uso: É frequentemente usado em conjunto com uma CT para determinar se o câncer se espalhou para outras partes do corpo. Pode ser recomendado para cânceres em estágios mais avançados ou para avaliar a resposta ao tratamento.

Opções de Tratamento

Cirurgia, Quimioterapia e Radioterapia

  1. Cirurgia:

    • Descrição: A cirurgia é frequentemente utilizada para remover o tumor da mama e é geralmente uma das primeiras linhas de tratamento para o câncer de mama.

    • Tipos:

      • Mastectomia: Remoção de toda a mama afetada.

      • Setorectomia: Remoção do tumor e de uma pequena margem de tecido saudável ao redor.

      • Cirurgia Reconstrutiva: Reconstrução da mama após a mastectomia.

    • Considerações: A escolha entre os tipos de cirurgia pode depender do tamanho e localização do tumor, se o câncer se espalhou, e outras considerações individuais.

  2. Quimioterapia:

    • Descrição: Utiliza medicamentos para matar células cancerígenas ou impedir que cresçam e se dividam.

    • Uso:

      • Neoadjuvante: Antes da cirurgia para reduzir o tamanho do tumor.

      • Adjuvante: Após a cirurgia para matar quaisquer células cancerígenas remanescentes.

    • Considerações: Os efeitos colaterais e a eficácia da quimioterapia podem variar e o regime exato pode depender do tipo e estágio do câncer.

  3. Radioterapia:

    • Descrição: Usa radiações de alta energia para matar células cancerígenas.

    • Tipo:

      • Radioterapia Externa: A radiação é direcionada para o tumor de uma máquina externa.

    • Considerações: A radioterapia pode ser usada antes ou depois da cirurgia e é frequentemente combinada com outras formas de tratamento.

Terapias Alvo e Hormonais

Terapias Alvo:

  • Terapias alvo são drogas ou outras substâncias que bloqueiam o crescimento e a disseminação do câncer ao interferir com moléculas específicas (“moléculas alvo”) envolvidas no crescimento, progressão e disseminação das células cancerígenas.

  • Exemplos:

    • Trastuzumabe: Utilizado para tratar cânceres de mama que superexpressam a proteína HER2.

    • Inibidores de CDK4/6: Como palbociclib, ribociclib e abemaciclib, usados para tratar o câncer de mama positivo para receptor de estrogênio.

  • Considerações: A eficácia das terapias alvo pode depender do perfil molecular específico do câncer.

Terapias Hormonais:

 

  • Terapias hormonais são tratamentos que removem, bloqueiam ou adicionam hormônios para impedir que células cancerígenas cresçam.

  • Exemplos:

    • Tamoxifeno: Bloqueia os receptores de estrogênio nas células cancerígenas.

    • Inibidores de Aromatase: Como letrozol, anastrozol e exemestano, que reduzem os níveis de estrogênio no corpo.

    • Inibidores de mTOR: Como everolimus, usado em combinação com um inibidor de aromatase.

  • Considerações: A aplicabilidade da terapia hormonal depende do status dos receptores hormonais do câncer de mama.

Conclusão

O câncer de mama é uma das neoplasias mais prevalentes no mundo, afetando inúmeras vidas todos os anos. Sua complexidade reside não apenas na diversidade de subtipos e características moleculares, mas também nas trajetórias individuais de cada paciente. A detecção precoce, por meio da conscientização e do rastreamento regular, continua sendo uma das ferramentas mais poderosas na luta contra esta doença, permitindo intervenções mais precoces e, muitas vezes, mais bem-sucedidas.

Os avanços na pesquisa e na medicina têm proporcionado uma compreensão mais profunda dos mecanismos subjacentes ao câncer de mama, levando ao desenvolvimento de tratamentos mais direcionados e personalizados. Desde terapias hormonais a tratamentos alvo, a abordagem terapêutica do câncer de mama evoluiu consideravelmente, oferecendo esperança e melhores resultados para muitos pacientes.

No entanto, além da ciência e da medicina, é fundamental reconhecer o impacto emocional e psicológico do câncer de mama. O apoio, a educação e a advocacia são essenciais para navegar pelos desafios desta doença, desde o diagnóstico até o tratamento e a recuperação.

 

Em última análise, a jornada através do câncer de mama é profundamente pessoal, mas é uma que ninguém deve enfrentar sozinho. Através da colaboração, da pesquisa contínua e da comunidade solidária, podemos continuar a fazer progressos significativos na prevenção, tratamento e cuidado do câncer de mama, visando um futuro onde esta doença possa ser ainda mais controlável, ou até mesmo erradicada.

Câncer de Mama

Compartilhe

Posts que podem te interessar!

Posts Relacionados